quarta-feira, 10 de junho de 2009

O presente de insultos

Perto de Tóquio vivia um grande Samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen-budismo aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do Samurai, estava ali para aumentar a sua fama.
Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de que seu mestre aceitou tantos insultos, os alunos perguntaram:
“Como o senhor pôde aceitar tanta indignidade? Por que não usou sua espada mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?”
Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? perguntou o Samurai.
A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos - disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.


obs: este texto não foi escrito por mim.
(...não sei quem é o autor, mas com certeza é uma ótima história!)

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